Os cat cafés desempenham um importante papel quando relacionado às práticas de intervenção da TAA
Por: Luix Soares
Revisão: Mariana Nogueira
A TAA (Terapia Assistida por Animais), inventada pelo filantropo William Tuke no ano de 1792 em Londres, utilizava animais domésticos no tratamento de doentes mentais em um asilo psiquiátrico, e ganhou relevância devido à sua capacidade de promover o bem-estar físico, emocional, cognitivo e social.
Embora seja uma prática antiga, a TAA está ganhando destaque como uma intervenção terapêutica, especialmente com evidências crescentes sobre seus benefícios para apoiar pessoas neurotípicas, desde crianças a idosos. Nesse método, os psicólogos propõem a interação de animais durante o dia a dia dos pacientes, sendo mais comuns, cachorros, gatos e cavalos.
“Cientificamente, já foi comprovado o aumento de ocitocina, serotonina, diminuição do cortisol. É perceptível uma maior aderência ao processo terapêutico, quando se há um animal do qual o paciente goste. O vínculo entre terapeuta e paciente aumenta. O paciente sente-se mais confortável, tem maior incentivo e apoio’’, diz a psicóloga Kissia Minelli.
COMO OS CAT CAFÉS ESTÃO LIGADOS AO TAA
Ambientes onde pessoas neurotípicas possam interagir de forma direta com os animais em questão proporcionam experiências transformadoras para quem as vivenciam.
Os cat cafés por exemplo proporcionam aos seus clientes além de claro bebidas e doces deliciosos, a experiência de interação direta com seus gatos, muitos inclusive disponíveis para adoção.
“Um dos primeiros registros da TAA foi com gatos. Nise da Silveira (médica psiquiatra), além de cães, inseriu gatos, para que os seus pacientes os cuidassem. O fator que definirá o animal a ser utilizado como coterapeuta, serão seus comportamentos. Existem gatos maravilhosos para isso, treinados, bem sociáveis, que aceitam carinho, interações, respondem a comandos e que gostam de trabalhar. Os gatos podem ser uma boa opção, desde que quem escolheu, goste e respeite os espaços deles”, complementa Kissia Minelli.
O Café Gateiro (@cafegateirocatcafe), primeiro cat café de Salvador, localizado na Barra – Av. Almirante Marques de Leão N°156, é um local ideal para ter tais interações.
Café Gateiro. Foto: Luix Soares
“Eu tinha gatos desde os meus 6 anos de idade, acho maravilhoso. Gatos e cachorros ajudam o meu filho a desenvolver algumas habilidades emocionais. Todos os contatos que podemos ter com os animais são bons para crianças”, relata Isabele Reis, frequentadora do Café Gateiro.
A presença de animais nas vidas de pessoas neurotípicas (ou não), não apenas trazem conforto e alegria, mas também contribui significativamente para melhorias clínicas de seus parceiros, essa abordagem terapêutica não só melhora a qualidade de vida dos envolvidos, mas também reforça laços entre humanos e animais.
“Eu imagino que os gatos interagem de acordo com os meios, os gatos são donos de si. Tenho um gato e já percebi que quando minha mãe está doente ele age literalmente com um cão de guarda, é como se ele fosse menos resistente à interação dela”, relata Kleyton Reis consultor do Café Gateiro.
OS ANIMAIS MUDAM VIDAS
Mãe de 4 gatos e 3 cachorros, Íris Tavares sabe falar muito bem quando o assunto é esse. Ela conta que a história dela com os animais foi uma construção ao longo do tempo, passada do seu bisavô para o seu avô e assim consequentemente até chegar à ela.
“Desde muito pequena eu via o meu avô cuidando dos passarinhos, alimentando os animais, zelando até mesmo pelo menor ser. E hoje eu consigo perceber que nada é tão forte quanto o exemplo. Aquele homem de gestos simples e coração bondoso, que chamava o seu punhado de vacas, todas com nomes próprios, e que prontamente atenderam o chamado, também carimbou em mim esse amor e gentileza”, relata Íris.
A mãe de Íris era bióloga e completamente apaixonada pelos animais e pela natureza. “Andava a praia toda catando comigo as sujeiras da praia e devolvendo ao mar algum animal que porventura estivesse preso na areia Então era de se esperar que eu também carregasse esse coração”, conta Íris.
“Essa é Estrela, ainda é filhote, foi encontrada com fratura exposta na pata esquerda traseira.’’, completa Íris Tavares.
Ela também afirma que a maioria dos seus animais foram resgatados de maus tratos: “tenho animais que foram abusados, chutados e feridos gravemente e até mesmo queimados. E a cada resgate, quem se sente salva de algo, sou eu mesma. Os animais me melhoram como ser, me tiram da zona de conforto e me mostram exatamente como quero (e também não quero) seguir a minha vida”.